Quando pensamos que pagamos caro, pensamos logo no governo federal, na Dilma, no Lula, no FHC. Veja no gráfico a seguir como isso evoluiu de 1990 a 2009:
Vemos que a carga tributária vem crescendo desde os anos 1990, e associamos isso ao desperdício, à corrupção, ao inchaço da máquina do governo. Mas talvez não seja só isso: desde a constituição de 1988, uma série de novos direitos foram reconhecidos e vários serviços foram universalizados. Por exemplo, trabalhadores rurais foram incorporados à Previdência Social, aposentando-se mesmo sem ter contribuído para a previdência. Os brasileiros passaram a ser atendidos pelo SUS, de forma universal, mesmo aqueles que não contribuíram para a previdência (isso passou a ser garantido somente em 1988). A educação foi estendida a praticamente toda a população em idade escolar, quando antes não era universalizada.
"Mas esses serviços são uma porcaria!" vão dizer. Não justificam a carga de impostos. É verdade, os serviços não são bons ainda. Mas é neles que se gastam nossos impostos?
Um infográfico produzido pela Folha revela onde são gastos os nossos impostos. Na esfera federal, de R$ 1,3 trilhão gastos pelo governo, somente 4,3% vão para a educação e 6,8% vão para a saúde. Todos os demais ministérios juntos chegam a 20%. Todos os programas sociais juntos chegam a 4,8%. Mais de 35% vão para a previdência (de forma desproporcional para ex-funcionários públicos e contemplando a previdência rural) e são resultado de decisões passadas e direitos adquiridos. Se aposentados já reclamam hoje, imagine se mexessem mais ainda neste vespeiro? (mas parece inevitável). Outra parcela significativa, quase tão grande quanto saúde, educação e assistência social (incluindo bolsa família) juntos, é a dívida pública: 13%. Outros 16% são repassados obrigatoriamente aos estados e municípios.
Dê uma olhada no infográfico (clique aqui) para ver que é nos estados e municípios que está a maior parte dos impostos que deveriam dar qualidade à saúde, educação e transporte.
Aí é que está o nó. Se depender do governo federal (seja ele de quem for), nunca teremos serviços proporcionais ao que pagamos de impostos, pois boa parte dos nossos impostos sustentam direitos adquiridos por aposentados, pensionistas e credores. Podemos certamente melhorar a qualidade, mas sempre haverá uma lacuna, proporcional à dívida que temos com os compromissos assumidos, com nosso aval, na constituição e nos governos desde então.
Já os governos estaduais e municipais têm mais chance de fazer a mudança, pois estão menos amarrados e têm mais domínio (proporcionalmente) sobre seu orçamento.
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