sábado, 2 de fevereiro de 2013

Somente a ética pode nos salvar de nosso pragmatismo

Num post republicado no blog do Luís Nassif se defende que Renan na presidência do Senado não muda muita coisa, afinal, trocou-se Sarney por Renan, que é inocente até que se prove sua culpa (afirma o artigo).

Apesar de normalmente defender os resultados gerais dos governos Lula e Dilma, não acho que manter as coisas como estão seja defensável. Há urgente necessidade de mudança e o pragmatismo político que se instalou junto com os petistas no governo é frequentemente nauseante, até mesmo para quem gosta do governo (talvez até especialmente para os próprios petistas).

Não é defensável que tenha se perdido a oportunidade de melhorar o Senado. Há vários senadores que representariam imensa melhoria (como Jorge Viana, Rodrigo Rollemberg, e outros), e com boa chance de aceitação apesar de não serem do PMDB, mas também não é defensável que tenham se abstido de se candidatar em face de Renan candidato, deixando a oposição para senadores sem capacidade de mobilizar o Senado.

O pragmatismo do governo tem sido o meio para se alcançar as mudanças. Renan disse em discurso que a ética é meio, e não fim. Discordo: ética não é meio nem fim, é o conjunto de parâmetros que limitam os meios e os fins dentro do que é justo e benéfico ao bem comum. Ética é o que deve limitar o pragmatismo para que não passe do limite, como vem passando.

Falta de avanço num país com tantas necessidades quanto o Brasil não é simplesmente estar no mesmo lugar. Cada oportunidade de melhoria que se perde, cada tempo que se perde para remendar o navio que afunda, para se evacuar a boate que se incendeia, não é estar na mesma: é uma tragédia.

Queremos instituições para termos orgulho, mas vai-se deixando o papel de guardiões da ética aos hipócritas e larápios, que como Demóstenes se aproveitam do pragmatismo do governo para limpar seu rastro sujo, e ao longo desse pragmatismo, vamos todos perdendo a noção dos limites, vamos ficando sem escolha, apagando o futuro, presas de nossa maturidade cínica e prematura.

Somente a ética pode nos salvar de nosso pragmatismo.

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